Tese - Raquel Avila Amaral

Microintervenções ecosóficas: sensibilização ambiental e os processos criativos autogestionados na formação em educação ambiental

Autor: Raquel Avila Amaral (Currículo Lattes)

Resumo

Esta pesquisa inspira-se na Ecosofia de Félix Guattari e no método da cartografia, proposto por Gilles Deleuze e Félix Guattari, manifestando a necessidade de produzirmos um pensamento que vá além do paradigma científico ao problematizar a dimensão instituída da realidade a fim de avançar na direção do paradigma ético-estético. As microintervenções ecosóficas realizadas e aqui analisadas são consideradas obras-vivas e constituem-se como rizomas, desenhos móveis interconectados, produzidos durante os processos criativos e denominados ECO mapa do rizoma. O campo de pesquisa das microintervenções ecosóficas é a horta comunitária da ONG Casa do Caminho e comunidades parceiras e o Projeto de Extensão Grupo de Teatro Interativo: laboratório de pesquisa e intervenção socioambiental (PPGEA/FURG). Os dados da pesquisa não foram coletados, mas produzidos rizomaticamente nas atividades realizadas na horta, nos desenhos livres feitos pela pesquisadora e nas oficinas de teatro (experimentações estéticas), além dos registrados no diário de campo pessoal e no diário de campo coletivo do Grupo de Pesquisa (CNPq) As Três Ecologias de Félix Guattari. As microintervenções ecosóficas são processos criativos geradores de novos modos de coexistência e possibilitam a criação de alternativas para lidar com os problemas socioambientais, intensificando transversalidades e ampliando as capacidades imaginativas, motoras, sensíveis, afetivas e intuitivas do humano. Enfatiza a necessidade de processos formativos em Educação Ambiental voltados para o desenvolvimento da criatividade, da ação-reflexão, da autonomia das pessoas e dos grupos, do aprendizado coletivo, da solidariedade, sensibilização ambiental, da autogestão grupal e do cuidado de si, do outro e do ambiente. A análise das microintervenções ecosóficas reforça a necessidade de promovermos pesquisas implicadas, com o envolvimento direto do pesquisador no campo de intervenção, abrangendo não só o escopo acadêmico, mas todas as esferas da vida, o próprio cotidiano da pesquisadora e os territórios percorridos por ela. Dessa forma, multiplicam-se possibilidades de interconexões, de acontecimentos e agenciamentos que compõem a análise, enquanto são produzidos conhecimentos que valorizam uma percepção sensível do ambiente e das relações humanas, através das experimentações estéticas. O método da cartografia contribui para a formação de grupos-sujeito, geradores de forças instituintes que tencionam os padrões instituídos socialmente, além da autogestão, esses grupos realizam a autoanálise do processo visando transformar a realidade em sua dimensão microssocial: a relação consigo mesmo, com o outro e com o ambiente em todas as suas formas e manifestações. Trata-se da produção de um conhecimento que emerge através de processos de reinvenção de si e do ambiente, de saberes que não são impostos pelo professor de forma verticalizada, mas de um conhecimento rizomático, sem uma raiz centralizada, mas abrindo espaço para o novo e a multiplicidade do pensamento. Dentre a multiplicidade de resultados que não se encerram em si, elencamos a produção autogestionada do filme Mãe, eu tô grávida do Grupo de Adolescentes do Posto de Saúde (CAIC/FURG). Dado o caráter processual da pesquisa e a complexidade que envolve suas práticas e reflexões, seus desdobramentos provocam resultados que se retroalimentam, perpetuando-se com os fluxos da vida, fazendo outras interconexões, produzindo novos sentidos, formações rizomáticas em constante transformação.

TEXTO TOTAL

Palavras-chave: Microintervenção ecosóficaProcessos criativosExperimentações estéticasSensibilização ambientalEducação ambiental