Tese - Renata Lobato Schlee

A vida, a arte e a educação ambiental nos atravessamentos de uma natureza pampeana.

Autor: Renata Lobato Schlee (Currículo Lattes)

Resumo

A presente Tese de doutorado em educação ambiental tomou como problema de pesquisa "Como os fotógrafos e suas fotografias fabricam uma natureza pampeana na atualidade?" e percorreu os caminhos teóricos metodológicos de autores da filosofia da diferença, como Friedrich Nietzsche, Michel Foucault, Gilles Deleuze e Félix Guattari. O trabalho apoiou-se em ferramentas da análise do discurso foucaultianas e teve três fotógrafos pampeanos escolhidos como sujeitos de pesquisa, trazendo sua produção fotográfica para o corpus empírico. As fotografias registram um retrato de natureza do/no Pampa da atualidade. Além das imagens, a pesquisa contou com entrevistas realizadas com os fotógrafos. A partir do encontro com os referidos artistas, suas imagens foram selecionadas, sendo escolhidas por eles próprios. Tomando a natureza como formação discursiva, a pesquisa analisou uma territorialidade pampeana do sul do Brasil, no Rio Grande do Sul; do Uruguay; e da Argentina. Tomaram-se como questões de investigação: "Como se constitui o sujeito pampeano?"; "Como se estabelece a relação entre cultura e natureza na constituição do Pampa?"; "Como se entrelaçam os ditos e as fotografias pampeanas na fabricação de natureza?". A Tese está dividida em duas partes. Na primeira parte, houve o aprofundamento e a busca de alguns elementos genealógicos da formação histórica do Pampa, percorrendo referenciais que ajudassem na compreensão da formação discursiva de natureza pelos caminhos da história do presente de Michel Foucault. Foi investigada a fabricação de conceitos de natureza e também da figura cultural do gaúcho. Ditos e não ditos de entrevistas e fotografias evidenciaram três enunciados que foram analisados na segunda parte deste trabalho, sendo eles: "Uma campeira conexão / Uma urbana desconexão"; "Um duplo campeiro"; e "Natureza-Tempo". O primeiro nos traz os traços de uma modernidade que binariza o sujeito: um humano campeiro conectado à natureza, e seu duplo, um humano urbano e desconectado da natureza. O imagético nos trouxe a necessidade da delimitação da natureza em áreas protegidas. O segundo enunciado apresentou um duplo campeiro, ou um duplo modo de ser campeiro no espaço rural, dentro da problematização do que tomamos por natural e por cultural. Já o enunciado de Natureza-Tempo foi analisado a partir de enunciações que sustentaram um tempo para o Pampa, um tempo como possibilidade de existência estética num exercício em relação ao que é tomado por natureza. Sob a esteira da educação ambiental, houve a análise e problematização desta pesquisa. Uma educação ambiental que foi tomada como filosofia em que existências estéticas puderam ser pautadas e suspeitadas. Uma educação ambiental que se possibilitou enquanto ensaio, num exercício de pensar o pensamento. Um exercício de pensar o presente e permitir-se pensar diferentemente. Assim, esta pesquisa problematizou como o imagético nos provoca a pensarmos na produção de verdades como aquilo que vamos tomando por natureza no Pampa.

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Palavras-chave: NaturezaEducação ambientalFotografiaEstética da existênciaPampasRio Grande do Sul