Tese - Liza Bilhalva Martins da Silva

Lagoas de mulheres: pescadoras embarcadas e Educação Ambiental no sistema lagunar-costeiro do/no sul do Rio Grande do Sul

Autor: Liza Bilhalva Martins da Silva (Currículo Lattes)

Resumo

Esta tese, vinculada à linha de pesquisa Fundamentos da Educação Ambiental, foi realizada com pescadoras embarcadas da pesca artesanal lagunar no sul do Rio Grande do Sul, mais precisamente no estuário da Lagoa dos Patos e na Lagoa Mirim. Entendendo a Antropologia e a Educação como áreas congruentes, procurei observar participando profundamente da vida dessas mulheres com o objetivo central de aprender como se tornam pescadoras, e como aprendem e ensinam a ser engajadas em seus ambientes e diante dos conflitos socioambientais que as impactam. Pesquisar com pescadoras embarcadas significou romper com a ideia de pesca de captura como uma atividade exclusivamente masculina, uma vez que as interlocutoras são mulheres que trabalham diariamente capturando diversas espécies de pescado a bordo de embarcações e dominando técnicas variadas de acordo com o tipo de pescaria que se realiza. Para que esta perspectiva fosse alcançada, esta tese foi orientada pelas epistemologias ecológicas, sobretudo, de Tim Ingold (2011), e epistemologias feministas decolonial e interseccional. Ao assumir tais perspectivas, pesquisadora e pescadoras seguiram juntas, através da experiência, os fluxos e influxos dos processos educativos. Este movimento resultou na compreensão de que se tornar pescadora embarcada faz parte de um processo que acontece na continuidade da vida. É fazer-se continuamente na relação com humanos, não humanos, elementos, eventos e imprevisibilidades da natureza e da pesca, mas também é, sobretudo, fazer-se na costura entre trabalho doméstico e trabalho na pesca, lidando com a sobrecarga e enfrentando o preconceito, a desvalorização e o não reconhecimento da mulher pescadora. A pesquisa também revelou que os conflitos socioambientais que as atravessam acabam por forjá-las, impulsionando-as à luta, à liberdade, à organização social e à transformação pela via da educação, em direção à construção de uma sociedade mais justa, igualitária e ambientalmente equilibrada. A partir desta experiência antropológica e educativa com as pescadoras, esta tese buscou, então, construir pesquisa, teoria e prática pedagógica - nomeada como Educação Ambiental - atenta para a horizontalidade nas relações e no conhecimento, promovendo assim, o encontro entre academia e comunidade; entre o saber científico e o saber local/cultural; entre a teoria feminista, a Educação Ambiental e o mundo das pescadoras embarcadas na busca por justiça ambiental, equidade de gênero e educação contra-hegemônica.

TEXTO COMPLETO DA TESE

Palavras-chave: Mulheres pescadorasPesca artesanalEducação ambientalAntropologia