Dissertação - Bruna Santos Bevilacqua

Educação ambiental em comunidades do movimento de Ecovilas brasileiro

Autor: Bruna Santos Bevilacqua (Currículo Lattes)

Resumo

Em um contexto de múltiplas crises intensificadas pela pandemia, investigamos iniciativas de transição para sociedades sustentáveis, com enfoque no movimento de ecovilas. Ecovilas são assentamentos humanos sustentáveis caracterizados por serem experiências alternativas de organização socioambiental com processos participativos de tomadas de decisão e de construção coletiva de soluções (ambientais, econômicas e socioculturais). Nesses processos, são levados em consideração os contextos socioculturais e as características biorregionais, além da sustentabilidade em todas as suas dimensões, desenvolvendo modos de viver comunitários autogestionários. Então, assumindo que a experiência em princípios e práticas socioambientais sustentáveis está na base da organização e da dinâmica das ecovilas, e considerando que a investigação científica sobre as mesmas enfocada em educação e Educação Ambiental encontra-se ainda pouco explorada, delineamos uma metodologia para investigar sua dimensão educacional. O objetivo principal desta pesquisa é analisar a dimensão educacional do conceito ecovilas e do movimento que este inspira a partir da questão de pesquisa sobre quais são os processos educativos ambientais desenvolvidos pelas comunidades do movimento de ecovilas brasileiro. Pretendemos assim abrir uma frente de diálogo interdisciplinar a partir da Educação Ambiental e contribuir com futuras pesquisas sobre o mesmo objeto de estudo e com a consolidação do mesmo no campo científico no país. A fundamentação teórico-conceitual inclui revisão de literatura e conceitos para contextualização do objeto de estudo e da discussão proposta através de referenciais em Educação Ambiental como Capra, Sauvé, Carvalho, Loureiro, Layrargues e Quintas. A metodologia se configura como uma abordagem qualitativa baseada em Minayo, e é composta pela combinação entre pesquisa de campo nas bases de dados virtuais das redes de ecovilas e levantamentos de dados através de questionários e entrevistas, além de inserção no movimento de ecovilas através de atuação voluntária nas suas redes brasileira, latina e global. Partindo de uma amostra inicial de 109 comunidades brasileiras cadastradas nas redes de ecovilas distribuídas por 16 estados brasileiros mais o Distrito Federal, encontramos o desenvolvimento de processos educativos em 77 delas, e entre elas, 48 desenvolvem processos de Educação Ambiental, as quais foram convidadas a participar da pesquisa respondendo ao questionário e à entrevista. Então, seis comunidades participaram voluntariamente, sendo três do sudeste, uma do centro-oeste, uma do nordeste e uma da região sul do país. Portanto, contamos com a representação uma comunidade por região geográfica do país (com exceção da norte). Sendo assim, a amostra pode ser considerada ilustrativa porém não representativa do movimento de ecovilas brasileiro. A análise dos resultados é composta por sistematização e mapeamento, análise individual e comparativa, além de análise de conteúdo. Concluímos que as ecovilas, de maneira mais autônoma, como laboratórios, e também coletivamente, como movimento, educam ambientalmente através do compartilhamento de suas experiências em princípios e práticas socioambientais sustentáveis, entre comunidades e destas com a sociedade, por meio da oferta de cursos, oficinas, visitas, retiros, imersões e vivências, com destaque para processos de voluntariado. Portanto, os processos educativos desenvolvidos nessas comunidades podem potencializar ações individuais e coletivas na perspectiva educadora ambiental da transformação individual à mudança social.

TEXTO COMPLETO

Palavras-chave: Educação ambiental não formalComunidadesSustentabilidade