Observatórios socioambientais das escolas rurais do Uruguai: uma ferramenta para a educação ambiental e a justiça
Autor: Solana Ximena Gonzalez Pensado (Currículo Lattes)
Resumo
Esta é uma pesquisa de doutorado em Educação Ambiental (EA). Uma tese que utilizou a EA como ferramenta para a co-construção de Observatórios Socio-Ambientais (OSAs) em Escolas Rurais (ER) do Uruguai (Uy), partindo das necessidades, problemas e/ou Conflitos Ambientais (CA) das comunidades. Entendemos neste trabalho, que os OSAs devem ser participativos em problematizações, sendo uma constituição que tem suas limitações e oportunidades, com a finalidade de produzir uma EA para a Justiça Ambiental. Percorremos os caminhos de Henri Acselrad; Carlos Frederico Bernardo Loureiro; e, Boaventura de Souza Santos, entre outros. A abordagem sistêmica foi a metodologia eleita para o estudo dos territórios focando na observação e nos vínculos interpessoais e institucionais, tomando em conta as pessoas que habitam e se relacionam com as ERs e seus grupos. Ainda, descrever os contextos, o tempo - pessoal e histórico - em que se realizou a pesquisa, assim como, os processos em que se desenvolveram os vínculos observados. Como categorias de análise, consideramos fatores micro e macro sistêmicos para pesquisar quais são as limitações e as oportunidades para que se possa materializar os OSAs nas ERs no Uruguai. Os capítulos seguem a estrutura das hipóteses levantadas, na intenção de responde-las não como questionamentos acabados e perfeitos, mas buscando coerência entre teoria, prática e a análisis que fomos estabelecendo na produção desta investigação. Começamos com as bases que sustentaram a reflexão, entendendo que a metodologia que se utiliza é juiz e parte; um olhar que intervém nas reflexões que se fazem dos territórios observados; e, na forma de olhar, mais de perto, ou mais de longe. Propomos, atrevidamente, uma possível e inacabada forma de pensar os OSAs em ERs e agrupamentos no Uy. Este trabalho identificou oportunidades e limitações para materializar os OSAs pelas ERs e agrupamentos escolares de dois territórios próximos, no departamento de Treinta y Tres (Uy): Paisaje Protegido Quebrada de los Cuervos - PPQC (Agrupamiento de las Sierras - AS); e em áreas de produção arrozeira (Agrupamiento del Arrozal - AA). Percebemos que o território Arrozal apresenta mais limitações que oportunidades, observando como central seu isolamento e a dependência da ER com as empresas. Enquanto que, na PPQC se apresenta inúmeras possibilidades, mas o despovoamento acaba impedindo a gestão de OSAs. É comum as ERs vinculadas ao PPQC estarem sob a intervenção de projetos que não sustentam, nem devolvem seus trabalhos ao território. Mas se apresentam como oportunidade, quando os CA emergem e surgem muitxs atores que protagonizam as discussões sobre o tema. A ER, como instituição, está fechada em formalidades, hierarquias e sistema controlador de suas professoras e de estudantes, perdendo seu espírito criativo e reflexivo. Entendemos que os OSAs nas ERs poderiam ser espaços de criação de novas subjetividades, utopias e lutas destes territórios. Assumimos a EA crítica e transformadora para criar novas utopias, rompendo fronteiras e podendo ir mais longe, apostando em redes de OSAs com as ERs em todo Uruguai. Pensamos assim, em um grande agrupamento país, onde sejam as próprias comunidades que definam quais são os problemas ou CA latentes e emergentes, sendo protagonistas de suas discussões.